terça-feira, 5 de julho de 2011

Travaços

José António Barreto Travaços (" O Zé da Europa") nasceu em Lisboa no dia 22 de Fevereiro de 1922 e faleceu a 12 de Fevereiro de 2002. Veio da CUF (Unidos, ao Tempo) para o Sporting, onde fez uma carreira notável. Foi o primeiro jogador português a fazer parte de uma Selecção da Europa.

José Travaços nasceu numa casa (Vila Rosa) situada entre dois campos de futebol: o Campo Grande e o Lumiar. Pela proximidade geográfica do jogo da bola, tanto Travaços como os seus amigos não perdiam um treino dos jogadores a sério e aí começou a sua paixão pelo futebol. Como a família era a avessa ao jogo, Travaços só podia jogar quando o Ti Augusto (guarda do Campo do Sporting) emprestava uma bola para a rapaziada dar uns pontapés.
José Travaços frequentou primeiro a escola Oficial do Lumiar, mas depois mudaram-no para a Escola do Campo Grande, junto ao quartel.
Aos 16 anos foi trabalhar para os estaleiros da CUF e jogar no Grupo Desportivo da mesma companhia. Mas como o Jovem jogador era sportinguista de nascimento, o seu sonho era jogar no Sporting. Foi lá e ofereceu-se, mas o treinador que lá estava, por vê-lo tão franzino mandou-o comer batatas com bacalhau e crescer. Travaços  não esteve pelos ajustes e ingressou no atletismo "leonino" correndo os 100 metros ao lado do especialista Tomás Paquete. Este ganhou com 10,6 segundos e Travaços foi quarto com 11.
Seguiu-se o cerco do FC Porto e a resposta do Sporting que chegou a isolá-lo longe das vistas alheias em Torres Vedras. Depois foi "sequestrado" por um associado do FC Porto, mas um irmão conseguiu retirá-lo dessa casa e trazê-lo para o Sporting.
O jovem jogador de futebol assinou então a ficha pelo Sporting, por 20 contos de prémio e 700 escudos mensais, na presença do dr. Ribeiro Ferreira e de Guilherme Correia César. Foi, entretanto, despedido pela CUF mas arranjou emprego numa empresa de frigoríficos.
Estreou-se oficialmente no Clube, a 8 de Setembro de 1946. No primeiro jogo que fez para o Campeonato Nacional contra o Benfica marcou três golos, numa memorável vitória por 6-1.
No primeiro encontro com o FC Porto marcou um golo em "pontapé de moinho" celebrizado no filme "O Leão da Estrela", com António Silva.
Depois do casamento, a 20 de Dezembro de 1946, Travaços e Vasques montaram uma empresa de refrigeração (Cofril) que teve grande nome no mercado nacional.
Curiosamente, apenas três meses após a sua estreia no Sporting, foi seleccionado para disputar o II Lisboa-Paris, seguindo-se a internacionalização frente à Suíça em dia de dilúvio.
Ao ser seleccionado para integrar a Selecção do resto da Europa, Travaços conseguiu a maior glória, até então, do futebol português. Jogou  ao lado de Kopa, Ockwirck, Vukas e outros "grandes", em Belfast, com a Grã-Bretanha.
Da UEFA recebeu o seguinte elogio, enviado À FPF, assinado por J. Crabay: "(...) Tenho um grande prazer em dizer quanto apreciei o comportamento de José Travaços, quer no campo, quer durante a sua estadia na Grã-Bretanha. Muito vos agradecia que fosseis o meu intérprete junto dele para agradecer-lhe, especialmente, por ter aceite o papel ingrato que nós lhe impusemos de assegurar a ligação entre as linhas e do qual ele e desempenhou com mestria. (...)"
Em termos internacionais, os dois primeiros golos que marcou foi no célebre encontro com a Epanha (4-1).
Foi 35 vezes internacional.
Realizou 457 jogos pelo Sporting e marcou 172 golos. Recebeu, em 1986, o Prémio Stromp "Saudade".
Deixou de jogar futebol a 7 de Setembro de 1958.
Poderia ter sido um grande treinador, mas tinha pela caça uma paixão quase doentia e, a partir daí, nunca mais deixou de aproveitar os fins-de-semana para praticar a sua actividade preferida depois do futebol.

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